terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Lotus 56B-Turbina-A grande Mancada de Chapman

Emerson Fittipaldi conta sua primeira experiência com o Lotus movido a turbina





" O momento mais emocionante de todas as experiências que tive até agora com o Lotus-Turbina 56B foi o que passei durante os treinos para a Corrida dos Campeões, em Brands Hatch.


Colin Chapman sabia que o problema dos freios ainda não tinha sido resolvido e que por isso dificilmente eu teria condições de lutar pelos primeiros lugares. Clay Regazzonicom um carro excelente e andando muito bem, acabou vencendo com sua Ferrari 312 B2. Mesmo assim era preciso correr. E logo nas primeiras voltas do treino, com a pista molhada pela chuva, o Turbina 56B se havia mostrado insuperável: com tração nas quatro rodas, eu podia acelerar fundo que ele não se desiquilibrava como nos Formulas 1 normais, de tração nas rodas traseiras. Mas a chuva parou e na pista seca eu tinha de usar os freios cada vez mais, ao mesmo tempo em que ia perdendo nas curvas a vantagem que conseguia nas retas."



Nos treinos com pista molhada


"Como os freios estivessem perdendo a eficiência, parei e pedi aos mecânicos que reajustassem as pastilhas das rodas traseiras. Logo depois lamentei isso. Saí e, quando comecei a frear no fim da reta em descida, as rodas traseiras travaram, o carro virou ao contrário na pista e começou a correr de ré a 280 Km/h. Sem poder fazer outra coisa, virei a cabeça para trás e tentei mantê-lo na pista, correndo como estava. Consegui isso por algum tempo, até que a velocidade foi baixando e ele saiu para a grama. A turbina nem chegou a desligar e eu pude continuar para o boxe, com as pernas bambas por causa do susto."





"Isso, aconteceu na sexta-feira, que havia amanhecido chuvosa e muito fria. com esse tempo, como eu vi depois, oTurbina rende muito mais do que os outros Formula 1. Tive uma prova disso logo nas primeiras voltas, quando consegui o segundo melhor tempo, atrás somente de Jackie Stewart. Mais tarde a chuva parou e os outros carros começaram a descontar na pista seca a vantagem que eu havia conseguido na chuva. Principalmente por causa dos freios, normalmente ruins, que pioravam à medida que esquentavam. Meu tempo havia caido muito e no fim dos treinos acabei ficando em sétimo lugar."


"O dia da corrida, 21 de março, amanheceu nublado, mas sem chuva. Isso acabou com as minhas esperanças. Só cinco dias antes da prova é que Colin Chapman me havia avisado de que eu correria com o Turbina 56B nesse domingo, dia 21 de março. Ele teve boas razões para precipitar a estréia: haveria uma excepcional cobertura jornalística e a Gold Leaf, patrocinadora da equipe, gostaria do lançamento."


"Pouco antes da largada eu pensava no lado negativo dessa estréia: os freios eram ruins e estavam com pastilhas novas, porque as do treino não resistiriam até o fim da corrida. Eu teria de tomar mais cuidado no início para que elas assentassem. Além disso, pela primeira vez o tanque estava com o máximo de 200 litros de querosene e a suspensão esbarrava em dois pontos do circuito."


"Para aumentar os problemas, a BRM de John Miles, que estava na minha frente, afogou. Quando finalmente saímos, o grupo da frente já se havia distanciado. Mesmo assim, só pude andar melhor depois de umas dez voltas, quando as pastilhas dos freios assentaram. Mas, quando o carro começou a andar melhor, a luz de emergência do painel acendeu: o óleo do burrinho traseiro tinha vazado, porque o mecânico deixara a tampa mal colocada. Tive de parar no boxe, feito o reparo, saí de novo e dei quinze voltas procurando frear o mais suavemente possível. Eu tinha um recurso: podia frear e acelerar ao mesmo tempo para que o motor não caísse de giro, mas mesmo assim tinha de reduzir a marcha muito antes dos outros, nas curvas, e perdia terreno. Nas retas, eu procurava usar o melhor possível os 560 HP do Turbine e eliminava um pouco as diferenças, que nas curvas tornavam a aumentar."


"Quando faltavam dezessete voltas para terminar a corrida, a suspensão traseira quebrou, de tanto bater nos dois pontos mais altos da pista, quando o tanque de combustível estava cheio. No final, apesar de tudo, concluímos que o carro tem potencial, porque a estréia foi feita as pressas, num circuito cheio de curvas impróprias para este tipo de carro."






segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um Ilustre Desconhecido: Hermano da Silva Ramos

Segue abaixo a entrevista que ele deu durante uma visita ao Rio em 1956.Hermano da Silva Ramos foi um dos pilotos brasileiros que correram na F1 durante os anos 50 e a sua entrevista pode-se notar bem as diferenças entre a F1 dos anos 50 e a de hoje não apenas pelo aspecto tecnico mas tambem pelo ambiente que existia entre piloto e equipe...


Hermano da Silva Ramos (direita)
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1956 ... Em visita à familia, aos amigos e a negócio, passou pelo Rio de Janeiro o corredor brasileiro mais conhecido internacionalmente, Hermano da Silva Ramos, referido na imprensa européia e americana por Da Silva.

Hoje capitão da Equipe Gordini, Nanô continua o mesmo esportista sereno e cavalheiro, não obstante a projeção que grangeou no cenário do automobilismo de primeira classe. Convidado pelas fábricas MaseratiFerrari e Bugatti, preferiu permanecer ainda com Amadeo Gordini por mais um ano.



" Amadeo Gordini pode ser considerado o maior entusiasta no mundo das corridas. Luta com grandes dificuldades financeiras, mas é tremendamente respeitado. Devo-lhe meu ingresso no Campeonato Mundial, e por isso continuo com ele. Em 1957 correrei com seu carro de Formula 1, embora creia não ter oportunidade de vitória. Se, entretando esse carro aprovar, devo permanecer na escuderia, pois, como se sabe, em 1958 será cancelada a Formula 2, substituída então pela categoria de 1.500 cc. Se não aprovar, então pensarei em mudar de marca... Em 1957, no entanto, ficarei com ele nas Formulas 1 e 2."

_Disputou muito neste ano que acabou agora ?

" Umas vinte vezes... 1.000 Quilômetros de Paris, Agadir (Casablanca), Dakar, Monte Carlo, 1.000 Quilômetros de Monza, Siracusa, Silverstone, Reims, Caen, Tours, Monthléry, Grande Prêmio da Itália, 24 Horas de Le Mans... etc..."

_Quais são as equipes e marcas para este ano ?

" Peter Collins, De Portago, Castellotti e Musso com Ferrari; Stirling Moss e Schell com Vanwall; Jean Behra, Cesare Perdisa com Maserati; eu, provávelmente Manson, Pilette e Simon com Gordini; McKay Fraser (também brasileiro) , Pollet e o campeão da França de motociclismo, Burgraff, com Lotus, que só correrá na Formula 2; Mike Hawthorn e Tony Brooks com B.R.M só Formula 1; Fairman e Flockart com Connaught e Maurice Trintgnant com Bugatti. Existem bons pilotos novos, como Jo Bonnier, um sueco que mostra ter talento, e Von Trips, alemão, que ainda não estão situados."

_ Quem pode ser o campeão deste ano ?

" Stirling Moss é "Hors Concours", junto com Fangio... O resto se verá..."

_Que acha do movimento brasileiro ?

" Não vai sem ajuda oficial. Competição de automóvel é atração turística. Seria preciso, portanto, que as autoridades responsáveis facilitassem ao corredor nativo a aquisição de carros, para poderem hombrear-se com o estrangeiro. A presença de corredores brasileiros nos autódromos internacionais, por outro lado, nos daria uma excelente qualidade de propaganda. Se isso for possível, estarei sempre à disposição para trabalhar, e mesmo, me esforçarei junto a uma das fábricas por fazê-los correr."
... Silva Ramos partiu, para continuar a correr o seu mundo apressado; continuará a voltar por aqui, para rever os amigos, até que um dia dê o estalo do Padre Vieira na cabeça de alguém do mundo oficial, que descubra a vantagem de proporcionar a este brasileiro, e a outros, a oportunidade de fazer içar a bandeira do Brasil nos certames mundiais. Porque Da Silva, enquanto for ignorado oficialmente, representa uma escuderia francesa ...

Ressucitando

Resolvi meus caros ressucitar esse blog pois uma das promessas que fiz para 2011 é de que eu iria continuar com todos os meus projetos...entao... eis que o blog muda de nome e de estilo também...